RESENHA: A GAROTA IDEAL

A Garota Ideal é um drama com toques de humor que explora a história de Lars (Ryan Gosling), um jovem solitário nos seus 20 e poucos anos muito tímido e que mora na garagem de seu irmão (Paul Schneider) e a sua cunhada (Emily Mortimer), grávida de alguns meses. Desde o início da história, Lars mostra-se um jovem instrospectivo e até mesmo (aos olhos dos outros), antissocial; vai à igreja religiosamente e não falta ao trabalho. E é justamente no trabalho que Lars tem uma ideia: baseando-se nos planos de um colega de trabalho, Lars acaba por adquirir uma "Real Doll" (bonecas eróticas) via internet e a apresenta a seu irmão e sua cunhada como Bianca, sua namorada que veio de outro país.
Ao longo da película, acabamos por acompanhar o relacionamento de Lars e Bianca e o seu desenrolar, além, óbvio do impacto que isso tem nas pessoas daquela pequena cidade na qual a história se desenvolve.
Escrito por Nancy Oliver (que escreveu e co-produziu A Sete Palmos) e dirigido por Craig Gillespie, um diretor relativamente novo (sendo esse seu segundo filme), temos em mãos um belíssimo filme no qual temos Bianca, uma boneca erótica, servindo como uma metáfora sobre o que seria não a esposa, não a mulher, não a amante, mas sim, a "companheira ideal" (não perfeita, "ideal"); alguém com quem Lars poderia contar nos bons e nos maus momentos, alguém que o entendesse e com quem ele pudesse se relacionar.
Há várias cenas e diálogos tocantes, mas um diálogo que considero "chave" para o filme é a apresentação da nova namorada de Lars, quando ele explica algumas coisas relativas à sua namorada, como, por exemplo, ela não falar inglês e ter que usar cadeiras de rodas. É nesse momento que podemos usar o elemento da boneca erótica como uma metáfora para qualquer tipo de pessoa; todos temos defeitos; somos imperfeitos e temos nossos erros e acertos, nossos dons e nossas limitações, e é exatamente esse o cerne de todo o filme.  
A Garota Ideal, no caso, não precisa ser perfeita, mas sim, completar o próximo e o entender como um igual.
Destaque para a belíssima atuação emotiva de Ryan Gosling, em provavelmente um de seus melhores trabalhos até então, de certa forma dando vida às características do homem moderno, além, é óbvio, da trilha sonora que aparece não para brilhar, mas para complementar o clima de um filme que nos faz pensar e refletir muito sobre os rumos que a sociedade tomou com relação ao nosso papel no mundo, onde preferimos nos relacionar com objetos inanimados ao invés de preferirmos o calor humano.
Nota: 9,0
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One Response to this post

  1. Unknown on 11 de março de 2011 às 16:37

    Um filme sensível, tocante e que mexe com delicadeza sobre as emoções desvirtuadas e a "neura" de um homem que se vê envolvido com uma boneca de plástico, transferindo todo seu amor, carinho e dedicação a algo artificial, acreditando na ilusão e na fantasia de uma mulher perfeita, na GAROTA IDEAL do título.

    O filme seriamente poderia cair na comédia exagerada, extravagante, se fosse apoiada somente na premissa nonsense. Mas o interessante é que o roteiro altamente INTELIGENTE e a direção segura e ponderada de Craig Gillespe, transforma o filme em um drama muito bem elaborado, com algumas pitadas de humor, e que se firma eficientemente num desenvolvimento narrativo muito bem trabalhado!

    Mas o filme ainda não seria tão completo se não houvesse um protagonista como Ryan Gossling, que parece exatamente compreender toda a essência da história e, principalmente, o caráter introspectivo, fechado e incomum de seu personagem. Ele brilha como Lars Lindstrom, um pacato jovem que sonha em conhecer uma menina da internet como ele sempre desejou... ele CRIA a mulher e o amor perfeito... mesmo que não seja REAL. Os sentimentos, o envolvimento e a devoção dele por Bianca (a boneca de plástico) é tão substancial, sólido e importante para ele que, verdadeiramente, nos apegamos a essa relação!

    Tanto é, que eu confesso ter me emocionado ao final quando Lars percebe que Bianca havia "morrido"!!!.

    Um filme único, bem diferente. De roteiro ousado e de interpretações emocionais. E que ganha aqui, seu melhor ator: Ryan Gosslin!!! Um homem que só desejava amar uma pessoa que fosse como ele queria e que o aceitasse como ele é...

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