Quer Uma Balinha?

Você aceita uma balinha?
De você, não!
Ora, por quê?
Porque ela deve estar envenenada, com uma “urucubaca”, ou algo assim, só por isso.
Envenenada? Por quê? Por que eu faria uma coisa dessas?
Eu sei lá por quê! Só sei que pra todo mundo que você oferece uma bala, a pessoa cai doente.
Ora, isso é ridículo.
Ridículo? Pois bem, então. Vamos aos fatos: a menina da portaria. Pegou virose.
Ora, mas virose é algo bastante comum. Pode acontecer com qualquer um...! isso não prova nada.
Segunda!: a menina do telemarketing.
Que menina?
Como ‘que menina?’ aquela do rabo de cavalo, que vem sempre de rosa.
Hum...! que tem ela?
Pegou caxumba.
Ué, mas ela pode ter pego de qualquer um: do namorado ou de um irmão pequeno, por exemplo. Ou do filho dela, quem sabe.
Ela é solteira e não tem filhos ou irmão pequeno. Terceira!: o rapaz que trabalha no estacionamento.
Qual?
Aquele de cavanhaque e cabeça raspada. Você também deu uma bala pra ele, não?
Sim, eu dei. E daí?
Daí que o rapaz hoje está em coma. Como isso, eu não sei. Só sei que suas balas devem estar amaldiçoadas, só isso.
Como, “amaldiçoadas?”
Ah, eu sei lá, você deve ter oferecido pra um santo, uma entidade, ou algo parecido. E tira isso de perto de mim!
Essa é uma das coisas mais idiotas que eu já ouvi na vida. Imagine só se eu iria me dar ao trabalho de encher uma bala com cianureto...
O quê?
Olha, você quer a bala ou não quer?
Não!
Tá bem, então. Olha: vou comer essa bala que eu te ofereci na sua frente, daí você me diz se vai me acontecer alguma coisa. Aí, viu?
Hum... dê mais um tempo...!
Pronto. Aconteceu alguma coisa?
Hum... é... não...!
Então pronto. Aqui, pega essa que eu ia comer mais tarde. Cara babaca...! ah, e procura ajuda médica! Você ta precisando! E caso você não saiba, o cara entrou em coma porque um carro atropelou ele no e ele bater com a cabeça no chão.
Hum... talvez eu estivesse exagerando... Hum...! gostosa... azedinha...!
(Duas semanas depois)
E então? Que temos aqui? Parece que ele se suicidou. Mas como?
Bem, ao que tudo indica, ele parece ter se envenenado. Ou então, alguém o envenenou.
Mas quem teria motivos para fazer isso com ele? Você, rapaz, conhecia esse cidadão aqui no chão?
Sim, eu o conhecia.
Sabe se alguém tinha algum motivo para fazer isso com ele, algum desentendimento, ciúmes, ou alguma coisa do gênero?
Hum... não sei... acho que furar a fila na frente dos outros é um bom motivo. Aceita uma balinha, sr. Detetive?
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Por Qual Porta?

Por qual porta?
Sei lá, você escolhe dessa vez. As minhas últimas duas escolhas não foram das melhores.
É, é verdade, mas as minhas também não ficam muito atrás.
Pô, mas eu até que gostei daquela porta verde...
Qual? Ah, sim, aquela que a gente foi parar numa praia?
É, essa mesma.
É... pena que aquele vulcão entrou em erupção e a gente quase morreu derretido.
Pois é... a do velho oeste também foi bacana, até o momento em que confundiram a gente com pistoleiros procurados pelo Estado e a cidade toda tava tentando matar a gente.
É... aqueles desenhos de “procurados” eram bem malfeitos.
Qual foi a pior pra você até agora?
Hum... talvez aquela onde a gente foi parar no ninho de um tiranossauro.
Aquilo não foi muito agravável. Como poderíamos saber que os tiranossauros cagam próximos do ninho? E quer saber? Acho que ainda estou com o cheiro da merda impregnado. Sente só.
É. Ta bem fraco, mas dá pra sentir sim. Que bom que logo depois fomos cair numa lavanderia chinesa, né? Aquilo foi um adianto.
Sim... pena que a lavanderia era uma fachada para lavagem de dinheiro da Yakuza e testemunhamos seis execuções.
Seis? Eu contei sete...!
Não, foram seis mesmo. Você deve ter contado errado porque foi bem na hora que aquela estrela ninja te acertou na testa.
Ah é, você tem razão. Eu “bambeei” e caí pra trás. Tenho que te agradecer por ter me salvado.
Ora, não foi nada. Mas e então? Já decidiu qual porta vamos escolher dessa vez?
Que tal aquela azul, toda listrada?
Não foi naquela que nós escolhemos lá atrás que fomos condenados a andar na prancha por piratas sanguinários?
Ah, é verdade... que sorte a nossa que aquele polvo gigante apareceu e destruiu o navio todo.
Anda logo, escolhe uma! Estamos ficando sem tempo!
Tá, tá... vamos naquela laranja. Quem sabe a gente não encontra um cientista que nos ajude a voltar pra casa?
Cala a boca e abre logo isso daí!
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O Megafone (13/12/07)

Uma gota de orvalho cai sobre a face de um homem que é despertado de seu sono profundo e sereno. Ele abre os olhos lentamente. Pequenos feixes de luz iluminam aos poucos o ambiente, apesar de o tempo estar nublado. Ele contempla o enorme acizentado céu através das copas das árvores. Permanece por um tempo imóvel, desorientado. Subitamente ele se levanta, caindo em si. Ele está nu e sujo. Ao seu redor, uma enorme selva o cerca. Ele olha para todos os lados, tentando se localizar e ao mesmo tempo parece que procura por algo que o faça lembrar como ele chegou ali. Aos pés da árvore na qual ele acordou, ele a encara e, logo em seguida, começa a escalá-la. Em um dos galhos superiores, um dos últimos do topo da árvore, mais uma vez, ele observa a selva e os pequenos feixes de luz que transpassam as nuvens carregadas. Uma pequena garoa se inicia. Ele fica um tempo parado e molha o seu rosto sujo de lama, fazendo com que ele ficasse “menos” sujo. Ele desce a árvore calmamente e aparentemente começa a se sentir mais acomodado com a situação na qual ele se encontra. Mais uma vez ele olha a selva. Escolhe um caminho, e segue por ele. A selva parece não ter fim e ele não tem noção de por quanto tempo ele andou e, o mais estranho ainda, é que desde o momento em que despertou, não viu um único animal, seja ele grande, pequeno, ou minúsculo.
De repente, ele pára. Franze a testa, como se quisesse ouvir alguma coisa. Se vira para trás. Um estranho som abafado e metálico, como de engrenagens aproxima-se dali. Ele não sabe ao certo se vem de trás, ou de cima dele.
Mais sons abafados, e agora mais barulhentos, parecem estar perto. Seu coração começa a bater mais forte e seus olhos arregalam-se aos poucos. Ele morde os lábios inferiores e aperta suas mãos com força, fechando os punhos, agora suados pela ansiedade. A garoa agora se tornou chuva, que começa a cair com força dos céus. Um enorme estrondo pode ser ouvido ao longe. Ele corre desesperadamente, como que fugindo do próprio demônio. Sons de lâminas cortantes, metálicas e brilhantes, fortes luzes surgem do meio das nuvens. Ele continua sua frenética corrida, sem saber ao menos para onde ir. Finalmente ele avista uma enorme montanha com uma entrada em sua base. Ele não sabe ao certo se é uma gruta ou uma caverna, mas isso não importa no momento: chegar naquela montanha é o seu objetivo. Muito cansado e ofegante, ele se joga dentro de uma entrada da caverna. Um suor frio e um tremor que surge da base de sua espinha agora se espalham pelo seu corpo inteiro. O som havia cessado por um tempo. Ele espera por um tempo, próximo à entrada da caverna. Ele permanece sentado, encolhido, com a cabeça entre as pernas. Seu coração não mais bate desordenadamente. Sua respiração torna-se mais silenciosa. Uma lágrima corre por seu olho esquerdo. Ele espreita cautelosamente a selva, mas sem abandonar seu abrigo. Os olhos abertos indicam seu estado de alerta. Ele pára para ouvir novamente. Numa enorme velocidade, surge um vento forte que o açoita violentamente e o faz cair para trás. As fortes luzes amarelas e brilhantes ressurgem e iluminam a infindável selva. O estrondoso barulho de engrenagens e lâminas cortantes reinam soberanas entre os céus. De repente, surge um som estridente, como de uma voz feminina, se mesclando com uma eletrônica. A voz se pronunciou:
“Maurício! Aqui é Amélia! Seu cachorro miserável, ingrato, maldito, safado, corno, viado! Não pense que você vai fugir de mim, seu puto, nojento! Acha mesmo que eu vou deixar pra trás o que você fez com a Vanessa, minha melhor amiga? Aliás, ‘ex’ melhor amiga, porque eu já cuidei dela! Agora, eu vou cuidar de você! Você não me escapa, seu ordinário, eu hei de te achar! É só uma questão de tempo até que eu ponha minhas mão em você, canalha! Me aguarde!”
E Maurício nunca mais foi visto em sua vizinhança.
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POESIA II (03/04/09)

Tempo subjetivo, esquisito, aflito, sem hora, sem risco,
Rabisco organizado, caos desamontuado, desacostumado,
Escrachado, afobado, desregulado, derrotado,
Abrigo dos fracos é o seio da terra deserdado,
Servindo de capacho para os cegos olhos atordoados,
Tempo louco, rouco, barroco, escroto, ridículo, tenebroso,
Sem rima não há alvoroço, sem clima não há choro,
Sem agulha não há alegria, sem música, banho de água fria,
Amigos dos solitários é a cera da vela esgotada,
Cujo fogo extinguido é enjaulado na escuridão do tempo.
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POESIA (02/04/09)

Luzes no horizonte, sem medo, sem fronte,
Olhos crescem aos montes, mas olhando pra onde?
Coisas estranhas, a solidão me atormenta,
Ferozes aranhas, a dor ainda me agüenta?
Felicidade, prato servido frio sem coragem,
Cumplicidade, nada a ver, exageros à parte,
Miragem, lágrimas perdidas à margem do absurdo,
Quando o sangue dos inocentes nos leva aos delírios
Alucinados e adjacentes dos abusos,
Elixir que desce amargo e ríspido
Bebo mais um pouco e logo me engasgo, mas logo repito
Palavras que surgem vazias, sem fogo, mas feridas
Começam a fazer sentido, os relógio sem horas
E os calendários sem dias, os espelhos sem reflexos
E os prismas sem vida, carência de carinho,
Quando e como o amargo vinho, crescerá como árvore de pinho,
Comece pelo começo e repita o tortuoso caminho.
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CARAMBA!

Caramba!
O que foi?
Sei lá, deu vontade de falar “caramba”.
Por quê?
Ué, porque deu. Você nunca teve vontade de soltar uma interjeição a esmo?
Não...!
Por que não?
Porque eu sou normal.
Ah, ta bom. Você é normal?
Sou sim.
O quão normal você é?
Sou normal o suficiente para não soltar interjeições sem motivo.
E quem disse que eu soltei uma interjeição sem motivo?
Ué, você mesmo. Ou será que estou ficando louco?
Louco? Talvez. Surdo, com certeza.
Que mané surdo! Quando que você disse isso?
Eu disse que tive vontade de dizer “caramba”. Isso não é o suficiente para você?
Na verdade, não. Essa sua “vontade” não me satisfez. Dê-me outro motivo mais forte para você soltar esse “caramba”.
Ah não... é melhor deixar isso pra lá.
Mas como é que pode uma coisa dessas? Foi você quem começou!
Pois é, e agora vou terminar.
Ah, é assim então? Beleza. Caramba!
O que, o que é que foi?
Nada, eu também tive essa vontade de “desperdiçar” essa interjeição.
Sério?
É. Sério. Por quê? Você quer saber o motivo? Ficou curioso por acaso?
Não... nem um pouquinho.
Tem certeza? Se quiser eu conto.
Não, tudo bem. A sua resposta me satisfez.
Ah é, é?
É. Sou um homem que se satisfaz com pouco. Sua resposta já está de bom tamanho.
Mas você não quer saber mesmo? Nem um pouquinho? Não está nem um pouquinho curioso? Não quer nem uma pista?
Não, não... tá tudo bem. Tudo nos conformes.
Mas você não quer saber a resposta? Está na ponta da minha língua.
Então fala, ué.
Ah...! Então AGORA você quer saber, não é?
Saber “o quê”?
Como “o quê”? A resposta.
Que resposta?
A resposta para a pergunta.
Mas que pergunta, caramba?
Como “que pergunta”? A pergunta que eu lhe fiz;
E qual seria ela?
Hum... esqueci! Sobre o que estávamos falando mesmo?
Eu não... ah, já sei! Achei um motivo para eu ter dito “caramba”!
É? E qual seria ele?
Nós pulamos do avião, e acidentalmente trocamos nossos pára-quedas por mochilas.
Caramba!
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Conflito (O Dia D) - Prelúdio

Dez mil soldados com armas em punho avançam pelo campo de batalha ao mesmo tempo em que o sol nasce e banha a bela visão do Apocalipse que irá se iniciar assim que as brumas da manhã se dissiparem. Eles lutam por ideais desconhecidos.
Do outro lado, quase vinte mil homens desarmados, famintos, tremendo de frio e de medo. Estes lutam pela liberdade de um povo sofrido e discriminado por serem diferentes, virem de culturas diferentes, pensamentos diferentes, vidas diferentes.
Dentro do conflito, entre os dois exércitos, existe um homem. Um homem que jurou defender a humanidade que ele não construiu, mas que a modificou. Ele contempla os céus por uma última vez, pois ele sabe que não sobreviverá. Lágrimas correm por seu rosto.
Desespero toma conta de seu peito, cheio de rancor e outrora em dúvida.
Em suas envelhecidas mãos, feridas não pela idade avançada, mas por seus atos. Há um objeto. A chave que pode resolver todos os problemas e conflitos entre homens: um pergaminho envolvido por uma fita azul.
Depois de alguns minutos, ele olha para os dez mil soldados, que esperam por um único sinal ou até mesmo um breve suspiro.
Em seguida, ele se vira para trás e observa os vinte mil que também esperam pelo sinal.
Durante sua reflexão, imaginando qual a diferença entre o certo e o errado, o bem e o mal, o céu e o inferno, o medo e a coragem... ele ignorou tudo. Sua mente se enevoou e seus pensamentos se voltaram, única e exclusivamente para uma pessoa: sua mulher.
Dias se passaram desde a última vez em que eles se falaram.
Lembranças nada agradáveis ficaram da última conversa. Eles discutiram. E muito. Ela chorou e quebrou várias coisas que agora não tinham mais importância. “É pelo bem maior” ele disse. Ela se foi, e para sempre de sua vida.
Dedos trêmulos e hesitantes tocam a fita azul, mas não sem antes apertar o pergaminho com força. O laço é desfeito, e toca o arenoso chão com a delicadeza de uma pétala tocando a pele macia e doce de uma criança.
Seus olhos se abriram assim que ele inclinou sua cabeça para trás.
“Dois, quatro, cinco, seis, sete, um, oito, nove”. Essas são as coordenadas do campo de batalha. “não haverá conflitos! Não hoje!”, ele vocifera. Ao seu lado, um enorme monólito roxo se ergueu. As tropas em ambos os lados avançam em sua direção, para a colina aonde o homem se encontra.
Dobrando-se aos pés do monólito, ele digita o código de detonação para os satélites acima de sua cabeça detonarem a bomba que ele acabou de armar. “Para salvar a humanidade é preciso destruir a humanidade”.
Agora não há mais volta. As respostas ficam claras em sua mente, quando o monólito se abre e luzes saem de seu ápice. As últimas palavras desse homem? “Deus... me perdoe”.
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Prelúdio do Fim dos Tempos

No início, começou um apagão. Nada demais. Apenas algumas horas, e à noite. Eu estava dormindo quando aconteceu. Vários Estados ficaram sem luz. O maior problema de ter sido à noite, foi por causa dos ladrões, assaltantes e estupradores que ainda não foram presos, e continuam transitando pelas ruas da cidade. Imaginar uma cidade, ainda mais uma cidade grande como a nossa? Houveram sim, focos de violência, roubos, furtos, saques a lojas e afins. Alguns céticos mencionavam que era o fim dos tempos. Pânico. Ódio. Caos total. E isso em apenas umas 6 horas sem luz, e à noite, quando várias pessoas já estavam dormindo.
Já imaginaram o que aconteceria se as horas se prolongassem ao longo do dia seguinte? Felizmente isso não aconteceu. Não ainda.
Na segunda vez, o apagão ocorreu 6 horas mais cedo que o primeiro. Eram 17h15m. Fim de uma tarde quente de uma cidade calorosa. Dessa vez, foram os bairros nobres afetados pela ausência de luz. Exatos dez dias após o primeiro. Ninguém de fato parece se importar com isso a ponto de investigarem a fundo. Mas eu sim. Na primeira vez, os relógios marcavam 22h17m. Era possível que a próxima ocorreria em torno das 15hs. E foi o que aconteceu. Na terceira vez, os relógios marcavam 15h52m. Outra coisa que percebi era o tempo que os apagões duravam: 6 horas. 6 horas e 15 minutos. 6 horas e 30 minutos. Estranho, muito estranho.
Não sou cético, nem tão pouco acredito que o mundo irá acabar numa gigantesca bola de fogo. Não. Na verdade, sou bem pior. Eu sou paranóico. Tenho fobia de pessoas. Fui mandado embora do trabalho por causa disso. Em certo momento, gritei por terem tocado em meu ombro. Saí correndo para o banheiro. Não conseguia me controlar. Minha visão ficou embaçada e parecia que as paredes giravam ao meu redor. Síndrome do Pânico. Foi o que três médicos que consultei. Tomo remédios para controlar a ansiedade e a pressão como se estivesse comendo jujubas. Não tenho nenhuma daquelas frescuras de lavar a mão sete vezes ou acender e apagar as luzes várias vezes antes de entrar em um cômodo escuro. É tão somente o medo das pessoas. É foda. É complicado. É bizarro, muito bizarro. Eu acredito que o ser humano é a criatura mais vil e ardilosa que Deus já colocou na face da Terra, isso se, de fato, foi Ele, ou se Ele realmente existe. Como eu já disse, não acredito que o mundo se acabe numa enorme bola de fogo. Eu acredito que nós acabaremos com o mundo antes disso acontecer, e que as pessoas desça a um nível tão animalesco que passaremos à nos devorar para sobreviver.
Isso soa possível para mim. Principalmente depois dos apagões que aconteceram meses atrás; Eu, de certa forma, já esperava por isso. Muitos pensaram que era apenas uma grande coincidência, que tudo estava normal. Quando o país inteiro ficou por 52 horas sem luz é que as pessoas começaram a se desesperar. E esse início foi, de fato, apenas o começo.
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