O Megafone (13/12/07)

Uma gota de orvalho cai sobre a face de um homem que é despertado de seu sono profundo e sereno. Ele abre os olhos lentamente. Pequenos feixes de luz iluminam aos poucos o ambiente, apesar de o tempo estar nublado. Ele contempla o enorme acizentado céu através das copas das árvores. Permanece por um tempo imóvel, desorientado. Subitamente ele se levanta, caindo em si. Ele está nu e sujo. Ao seu redor, uma enorme selva o cerca. Ele olha para todos os lados, tentando se localizar e ao mesmo tempo parece que procura por algo que o faça lembrar como ele chegou ali. Aos pés da árvore na qual ele acordou, ele a encara e, logo em seguida, começa a escalá-la. Em um dos galhos superiores, um dos últimos do topo da árvore, mais uma vez, ele observa a selva e os pequenos feixes de luz que transpassam as nuvens carregadas. Uma pequena garoa se inicia. Ele fica um tempo parado e molha o seu rosto sujo de lama, fazendo com que ele ficasse “menos” sujo. Ele desce a árvore calmamente e aparentemente começa a se sentir mais acomodado com a situação na qual ele se encontra. Mais uma vez ele olha a selva. Escolhe um caminho, e segue por ele. A selva parece não ter fim e ele não tem noção de por quanto tempo ele andou e, o mais estranho ainda, é que desde o momento em que despertou, não viu um único animal, seja ele grande, pequeno, ou minúsculo.
De repente, ele pára. Franze a testa, como se quisesse ouvir alguma coisa. Se vira para trás. Um estranho som abafado e metálico, como de engrenagens aproxima-se dali. Ele não sabe ao certo se vem de trás, ou de cima dele.
Mais sons abafados, e agora mais barulhentos, parecem estar perto. Seu coração começa a bater mais forte e seus olhos arregalam-se aos poucos. Ele morde os lábios inferiores e aperta suas mãos com força, fechando os punhos, agora suados pela ansiedade. A garoa agora se tornou chuva, que começa a cair com força dos céus. Um enorme estrondo pode ser ouvido ao longe. Ele corre desesperadamente, como que fugindo do próprio demônio. Sons de lâminas cortantes, metálicas e brilhantes, fortes luzes surgem do meio das nuvens. Ele continua sua frenética corrida, sem saber ao menos para onde ir. Finalmente ele avista uma enorme montanha com uma entrada em sua base. Ele não sabe ao certo se é uma gruta ou uma caverna, mas isso não importa no momento: chegar naquela montanha é o seu objetivo. Muito cansado e ofegante, ele se joga dentro de uma entrada da caverna. Um suor frio e um tremor que surge da base de sua espinha agora se espalham pelo seu corpo inteiro. O som havia cessado por um tempo. Ele espera por um tempo, próximo à entrada da caverna. Ele permanece sentado, encolhido, com a cabeça entre as pernas. Seu coração não mais bate desordenadamente. Sua respiração torna-se mais silenciosa. Uma lágrima corre por seu olho esquerdo. Ele espreita cautelosamente a selva, mas sem abandonar seu abrigo. Os olhos abertos indicam seu estado de alerta. Ele pára para ouvir novamente. Numa enorme velocidade, surge um vento forte que o açoita violentamente e o faz cair para trás. As fortes luzes amarelas e brilhantes ressurgem e iluminam a infindável selva. O estrondoso barulho de engrenagens e lâminas cortantes reinam soberanas entre os céus. De repente, surge um som estridente, como de uma voz feminina, se mesclando com uma eletrônica. A voz se pronunciou:
“Maurício! Aqui é Amélia! Seu cachorro miserável, ingrato, maldito, safado, corno, viado! Não pense que você vai fugir de mim, seu puto, nojento! Acha mesmo que eu vou deixar pra trás o que você fez com a Vanessa, minha melhor amiga? Aliás, ‘ex’ melhor amiga, porque eu já cuidei dela! Agora, eu vou cuidar de você! Você não me escapa, seu ordinário, eu hei de te achar! É só uma questão de tempo até que eu ponha minhas mão em você, canalha! Me aguarde!”
E Maurício nunca mais foi visto em sua vizinhança.
These icons link to social bookmarking sites where readers can share and discover new web pages.
  • Digg
  • Sphinn
  • del.icio.us
  • Facebook
  • Mixx
  • Google
  • Furl
  • Reddit
  • Spurl
  • StumbleUpon
  • Technorati

Leave a comment